terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

We are Carnaval, we are!


Para diminuir a agonia por não estar no Brasil durante o Carnaval (esse foi o meu segundo ano fora do país nesta data e bate aquela nostalgia), resolvemos nos arriscar nos ¨carnavales¨ daqui. Nosso destino: Puntarenas, uma cidade localizada na costa do Pacífico em uma província que leva o mesmo nome da cidade. Sim, você leu certo, Puntarenas!


Saímos de San José na última sexta feira, 7 da noite – eu, o Tiago - catarinense que vive em Curitiba, Giordano - uma figura do Tocantins que estuda em Goiânia, Marcelinha de Campinas e Daniel - paulista que mora em Porto Alegre. Cinco brasileiros, intercambistas, sem saber muito bem o que iriam encontrar no fim de semana, sem expectativas muito elevadas, mas com a vontade de encontrar algo que pelo menos lembrasse o axé, a batucada e o ritmo non stop do Brasil.



Chegamos na cidade às 10 e ao descer do ônibus...??? Nada, nenhuma alma na rua com exceção do motorista que nos levou. Mas brasileiro não desiste nunca e perguntei onde era o carnaval: "Caminhem pela praia, em frente, vocês vão encontrar... A festa está começando hoje!"



Além disso, para a nossa surpresa – o local não possui albergues a preços muito acessíveis e o mínimo que pagaríamos por uma noite seria em torno de 45 mil colones, algo equivalente a 18 dólares por pessoa. Como ninguém tinha muito dinheiro para o fim de semana e esperávamos algo mais em conta, começamos a buscar soluções “mais alternativas”.


Antes de sair de San Jose nos avisaram que uma prima de um dos membros da AIESEC aqui tinha um hotel na cidade para a qual iríamos. Não havíamos conseguido falar com ela durante a tarde, mas ao chegar em Puntarenas e se deparar com os preços altos, entramos em contato e fomos em direção ao hotel. 


A Maria Laura nos recepcionou super bem, fez mil e uma ligações na tentativa de nos ajudar já que o seu hotel estava lotado, chegou a oferecer o quarto dos sobrinhos para que pudéssemos ficar por um tempo, mas o calor era demais. Ela nos mostrou também os dois bares em volta da praia em que as pessoas se aglomeravam e nos avisou: ¨A noite de Puntarenas se concentra aqui!¨

Ê Beleza!


Resolvemos então deixar nossas mochilas na recepção e dormir na varanda do hotel, já que a idéia era curtir a festa até amanhecer e depois sim, pagar uma diária de 45 mil colones em algum outro lugar. 

Puro engano! As festas na cidade terminam cedo e por volta das 2 da manhã já estávamos na varanda onde passamos a noite, no chão mesmo já que o lugar era muito quente. No dia seguinte encontramos um apartamento mais cômodo e nos mudamos pela manhã. 


Foram duas noites em Puntarenas e o ¨carnaval tico¨ é bem, bem diferente do que estamos acostumados. Ao começar pelos ritmos que predominam: não adianta tentar fugir; aqui é salsa, merengue e reggaetón, ritmos latinos que se alternam e tentam sacudir o esqueleto das pessoas que estão nos bares que comentei acima. 


As festas não são 24 horas, foliões não sobem ladeiras (saudade de Diamantina), mulatas não passam pela avenida, chiclete não se mistura com banana, o Asa não quebra aê, tartarugas e vampiros não são hits e praieros não são guerreiros... Quero mais o que? O que duraria até a quarta feira de cinzas se desfez no fim de semana. 


Mas algo nos chamou atenção: os brasileiros são como celebridades por aqui! Por onde passávamos as pessoas se juntavam, tiravam fotos, nos davam bebidas e o DJ da festa anunciava nossa presença a cada 15 minutos nos sons: ¨Saludos a nuestros amigos brasileños!¨ E às vezes colocava algumas músicas do Brasil para que a gente mostrasse um pouco do ¨samba nos pés¨ – algumas conhecidas, outras que não sabíamos de onde surgiam e nem porque faziam sucesso.


Para a nossa surpresa e alegria, encontramos na noite de sexta uma batucada de samba que tocava músicas do nosso carnaval – não pensamos duas vezes e corremos para entrar na festa que teve direito a Beth Carvalho (Salve Galo), Ary Barroso, algumas marchinhas famosas e banho de cerveja, literalmente, em todos que entraram na roda. Em 30 minutos tentamos reproduzir a energia que contagia a Terra Tupiniquim no mês de fevereiro, já que uma briga acabou com a nossa graça e nos mudamos de local. 


Dessa vez um bar supostamente clandestino e restrito a “sócios”, mas ao falar que éramos brasileiros nem precisamos de carteirinha VIP para entrar e passamos algum tempo por lá. 


Resumindo o post, valeu a pena a diversão e a experiência. Mas nós, os brasileiros que aqui estão, já combinamos – ano que vem nada de salsa, merengue ou reggaetón. 

¨Quero mais verão
Quero mais tesão
Quero mais fevereiro

Quero mais amor dentro do coração
Quero mais dinheiro
Quero praia e sol
Quero namorar
Quero mais alegria

Quero Rio de Janeiro nos tempos de paz
Quero as meninas de Minas Gerais
Eu quero a Bahia
Eu sou da Bahia!¨

Ao voltar para o Brasil nos encontraremos em Diamantina (sim, me rendi ao convite) e aí sim, samba, samba nos pés nos cinco dias em que o meu país se recusa a dormir. We are Carnaval, yes, we are!


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Tempo ao tempo...


Para ouvir enquanto lêem!

No próximo dia 21 fazem três meses que cheguei em solo tico. Na bagagem vieram muitas roupas de verão, pouquíssimas de inverno – arrependimento, enganam-se aqueles que pensam que a Costa Rica nao faz frio – coisas típicas do Brasil, já que a idéia ERA fazer uma apresentação cultural para a AIESEC daqui e muitas expectativas...


Primeiramente ao pensar que aqui as coisas seriam baratas e a conta bancária teria saldo positivo mesmo ao final do mês (sim, tenho saldo positivo, mas não mais que 2 dígitos). O custo de vida na Costa Rica é alto, com excesão aos transportes públicos, que como já citei aqui, são bem baratos. Não vamos entrar no quesito conforto dessa vez! Aluguel, alimentação e lazer levam boa parte do que ganho como trainee.


Imaginava também uma capital organizada, limpa, com muitas atrações turísticas – não é o caso de San Jose. Aqui as pessoas trabalham, vivem nos arredores e viajam nos fins de semana com certa frequência, já que a Costa Rica que os turistas buscam está a pelo menos duas horas daqui, aí sim, vale a pena.


Profissionalmente, o principal motivo que me trouxe até aqui,  cheguei paciente, sabendo que uma job bem definida e grandes responsabilidades viriam com o tempo, viriam com certa confiança adquirida e com horas e horas de tarefas operacionais, é assim com todos.


E o tempo tem correspondido...lentamente, como quase tudo aqui na Costa Rica (se lembram do tico time? Estou quase adaptado!). Estou trabalhando na divisão de varejo da Novartis, uma empresa com origen suiça, líder do setor farmacêutico na América Central e atualmente, a terceira maior empresa do ramo no mundo. No início estava bem perdido, a estrutura organizacional sofria alterações, novas pessoas estavam sendo contratadas e o que era antes Novartis Costa Rica se transformou em um cluster que reúne agora 3 países contando com Honduras e Nicarágua, além de determinadas atividades que são realizadas aqui e ¨exportadas¨ para toda América Central e Caribe.


Depois desses quase três meses aqui, aprendi a usar excel (calma, nada de tabelas dinâmicas ainda), coloquei em prática alguns conceitos que já não me recordava depois de sair da facul, estou aos poucos conhecendo as divisões e as pessoas que compõem a companhia e as responsabilidades finalmente apareceram!


Eu e o Tiago estamos agora finalizando uma análise de preços nos três países da região, o que permitirá a empresa ampliar consideravelmente o retorno em vendas por aqui. Além disso, estou responsável por executar e acompanhar todas as ações promocionais da área de varejo na América Central e Caribe – isso envolve basicamente a criação do pack promocional e materiais PDV com a agencia publicitária, codificação, precificação, distribuição (eu sabia que um dia no marketing a logistica viria me encontrar), controle e feedback. Estou bem empolgado já que esse aprendizado será válido para as experiencias que busco.


Em relação ao custo de vida e a estrutura de San Jose não tenho muito o que fazer rsrs...Ontem foi eleita a nova predidente da Costa Rica, pela primeira vez na história do país uma mulher irá governar – Laura Chinchilla venceu com 46,8% dos votos – quem sabe com ela boas mudanças virao?!


Para compensar, sigo viajando quase todos os fins de semana e aproveitando ao máximo o principal atrativo daqui: a natureza! Praias, vulcões, parques, rios, cachoeiras, águas termais, florestas...e como dizem por aqui: ¨Sin ingredientes artificiales¨! Así es, Pura Vida!
 


Aos que estão no Brasil, aproveitem o carnaval por mim, dessa vez nada de Diamantina, irei para uma praia por aquí na qual dizem haver um carnaval, mas já me alertaram: nem tente comparar com o que se vê no Brasil…sim, eu sei, essa não era uma das expectativas.


Abraços!